Frases de Marquês de Maricá

Frases de Marquês de Maricá

Foi um escritor, filósofo e político brasileiro.

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O fraco ofendido desabafa maldizendo.



O louvor que mais prezamos é justamente aquele que menos merecemos.



Louvemos a quem nos louva para abonarmos o seu testemunho.



O louvor fecundo distingue menos que a admiração silenciosa.



Louvamos encarecidamente o estado, ciência ou arte que professamos, para justificar a nossa escolha e honrar as nossas pessoas.



Somos tão avaros em louvar os outros homens, que cada um deles se crê autorizado a louvar-se a si próprio.



Os louvores que nos dão os nossos inimigos podem ser diminutos, mas nunca são exagerados.



Muitos homens são louvados porque são mal conhecidos.



O louvor não merecido embriaga como o vinho.



Dizer-se de um homem que tem juízo é o maior elogio que se lhe pode fazer.



Nunca os louvores que damos são gratuitos; temos sempre em vista alguma retribuição por este sacrifício do nosso amor-próprio.



Os elogios de maior crédito são os que os nossos próprios inimigos nos tributam.



Inveja-se a riqueza, mas não o trabalho com que ela se granjeia.



A inveja de muitos anuncia o merecimento de alguns.



A sinceridade é muitas vezes louvada, mas nunca invejada.



A sabedoria indigente é menos invejada que a ignorância opulenta.



A constância nas nossas opiniões seria geralmente embaraço e oposição ao progresso e melhoramento da nossa inteligência.



Uma grande qualidade ou talento desculpa muitos pequenos defeitos.



A ignorância dócil é desculpável, a presumida e refratária é desprezível e intolerável.



Queixamo-nos da fortuna para desculpar a nossa preguiça.



Dói mais ao nosso amor-próprio sermos desprezados, que aborrecidos.



A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis.



Ninguém se agasta tanto do desprezo como aqueles que mais o merecem.



Desprezos há, e de pessoas tais, que honram muito os desprezados.



O orgulho pode parecer algumas vezes nobre e respeitável, a vaidade é sempre vulgar e desprezível.



O homem que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio.



Afectamos desprezar os bens que não podemos conseguir.



Não há inimigo desprezível, nem amigo totalmente inútil.



Os velhos prezam ordinariamente os mortos e desprezam os vivos.



Afetamos desprezar as injúrias que não podemos vingar.



Ordinariamente tratamos com indiferença aquelas pessoas de quem não esperamos bens nem receamos males.



Quando não podemos gozar a satisfação da vingança, perdoamos as ofensas para merecer ao menos os louvores da virtude.



A amizade mais perfeita e mais durável é somente aquela que contraímos com o nosso interesse.



A Religião é tão boa companheira na adversidade como excelente conselheira na ventura.



Os maldizentes, como os mentirosos, acabam por não merecer crédito ainda que digam verdades.



Os soberbos são ordinariamente ingratos; consideram os benefícios como tributos que se lhes devem.



Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos.



A ingratidão dos povos é mais escandalosa que a das pessoas.



Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe.



Se não podemos compreender o mínimo de uma flor ou de um inseto, como poderemos compreender o máximo do Universo!



Não sabemos avaliar a saúde quando a temos, lamentamos a sua falta quando a perdemos.



A paciência em muitos casos não é mais senão medo, preguiça ou impotência.



A impunidade não salva da pena e castigo merecido; retarda-o para o fazer mais grave pela reincidência e agravação das culpas e crimes subseqüentes.



A vaidade é talvez um grande condimento da felicidade humana.



A modéstia doura os talentos, a vaidade os deslustra.



A ignorância, exagerando a nossa pouca ciência, promove a nossa grande vaidade.



Arguimos a vaidade alheia porque ofende a nossa própria.



Pouco dizemos quando o interesse ou a vaidade não nos faz falar.



A vaidade de muita ciência é prova de pouco saber.



A beneficência da vaidade é algumas vezes mais profusa que a da virtude.



Somos benfazentes mais vezes por vaidade que por virtude.



Ninguém considera a sua ventura superior ao seu mérito, mas todos se queixam das injustiças dos homens e da fortuna.



A credulidade e confiança de muitos tolos faz o triunfo de uns poucos velhacos.



A virtude resplandece na adversidade, como o incenso reacende sobre as brasas.



A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.



Como o espaço compreende todos os corpos, a ambição abrange todas as paixões.



A ambição é um enredo que nos enreda por toda a vida.



O medo faz mais tiranos que a ambição.



É necessário subir muito alto para bem descortinar as ilusões e angústias da ambição, poder e soberania.



Nobre e ilustrada é a ambição que tem por objeto a sabedoria e a virtude.



Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos.



A escravidão nos amantes é ambição de senhorio.



A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.



Ninguém é tão prudente em despender o seu dinheiro, como aquele que melhor conhece as dificuldades de o ganhar honradamente.



Saber viver com os homens é uma arte de tanta dificuldade que muita gente morre sem a ter compreendido.



É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro, que a descoberta de muitas verdades.



A morte de um avarento equivale à descoberta de um tesouro.



A civilização moderna é devida mais à derrubada de erros antigos acumulados, que à descoberta de verdades novas.



A gratidão também é produto do nosso amor-próprio: julgamo-nos desobrigados dos benefícios se nos confessamos agradecidos.



Os benefícios conferidos levam sempre o ónus da gratidão e reconhecimento.



É rara a verdadeira gratidão, porque são raros os genuínos benfeitores.



Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.



Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões.



O nosso bom, ou mau procedimento, é o nosso melhor amigo, ou pior inimigo.



O meio mais eficaz de nos vingarmos dos nossos inimigos é fazendo-nos mais justos e virtuosos do que eles.



Não desenganemos os tolos se não queremos ter inumeráveis inimigos.



Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude.



Os pequenos inimigos, ainda que menos danosos, são sempre mais incômodos que os grandes.



O que ganhamos em autoridade, perdemos em liberdade.



A autoridade de poucos é e será sempre a razão e argumento de muitos.



A familiaridade encurta o respeito e rebaixa a autoridade.



Os homens creem tão pouco na autoridade da própria razão que acabam por justificá-la com a alegação da dos outros.



A autoridade impõe e obriga, mas não convence.



A autoridade humana é muito poderosa: a razão cede ordinariamente aos seus ditames e doutrinas.



A autoridade é tão poderosa entre os homens, que sustentamos e defendemos com ela as nossas opiniões individuais.



A razão é escrava quando a fé e autoridade são senhoras.



A covardia, aviltando, preserva freqüentes vezes a vida.



A covardia preserva frequentes vezes a vida.



A riqueza doura a sabedoria e os talentos, mas não os constitui.



Uns homens sobem por leves como os vapores e gases, outros como os projécteis pela força do engenho e dos talentos.



Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo.



Ambicionando o louvor e admiração dos outros homens, provocamos frequentes vezes a sua inveja e aversão.



A economia, quando se apura muito, transforma-se em avareza.



A avareza contribui muito para a longevidade, pela dieta e abstinência.



Os maus não nos levam em conta a nossa bondade e indulgência, reputam-na fraqueza, e tiram o argumento para multiplicar as suas malfeitorias.



A fruição desencanta muitos bens e prazeres sensuais, que a imaginação, os desejos e as esperanças figuravam encantadores.



As esperanças, quando se frustram, agravam mais os nossos infortúnios.



O nosso amor-próprio é tão exagerado nas suas pretensões, que não admira se quase sempre se acha frustrado nas suas esperanças.



A esperança descobre recursos, a desesperação os renuncia.



Quem não desconfia de si, não merece a confiança dos outros.



O pior mal da escravidão é conservar os cativos na ignorância e bruteza, pela opinião de que são assim mais dóceis, humildes e subordinados.



A escravidão é o tributo que a ignorância paga à força dirigida por maior e melhor inteligência.



Não há escravidão pior que a dos vícios e paixões.



A escravidão voluntária é sacrifício temporário para alcançar senhorio permanente.



A escravidão avilta o escravo e barbariza o senhor.



O medo e o entusiasmo são contagiosos.



O entusiasmo é um gênero de loucura que conduz algumas vezes ao heroísmo, e muitas outras a grandes crimes e malfeitorias.



A tirania não é menos arriscada para o opressor, do que penosa para o oprimido.



É falta de habilidade governar com tirania.



Ninguém nos aconselha tão mal como o nosso amor-próprio, nem tão bem como a nossa consciência.



A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência.



Aprovamos algumas vezes em público por medo, interesse ou civilidade, o que internamente reprovamos por dever, consciência ou razão.



Quando a consciência nos acusa, o interesse ordinariamente nos defende.



A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.



Disputa-se com mais frequência sobre as coisas frívolas do que nas mais importantes; as primeiras alcançam a compreensão de todos.



Os filósofos vivem em disputa e morrem na dúvida.



Disputa-se sobre tudo neste mundo; argumento irrefragável do nosso pouco saber.



Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.



Sobeja-nos tanto a paciência para tolerar os males alheios, quanto nos falta para suportar os próprios.



A paciência dispensa a resistência e a reação.



O que se qualifica em alguns homens como firmeza de caráter não é ordinariamente senão emperramento de opinião, incapacidade de progresso, ou imutabilidade da ignorância.



Deve-se julgar da opinião e caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos.



Os ingratos pensam minorar ou justificar a sua ingratidão, memorando com frequência os vícios e defeitos dos seus benfeitores.



A ingratidão descobre o vilão.



A ingratidão faz pressupor vistas de interesse no benfeitor, ou indignidade no beneficiado.



Há benefícios conferidos com tal rudeza e grosseria que de algum modo justificam os beneficiados da sua ingratidão.



A ingratidão coletiva dos povos é punida pela ordem moral por uma pena igualmente coletiva.



As paixões são como os vidros de graus, que alteram para mais ou para menos a grandeza e volume dos objetos.



O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.



A solidão liberta-nos da sujeição das companhias.



Há certos passatempos e prazeres ilícitos, que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude.



A pobreza não tem bagagem, por isso marcha livre e escuteira na viagem da vida humana.



Enganamo-nos ordinariamente sobre a intensidade dos bens que esperamos, como sobre a violência dos males que tememos.



A vingança comprimida aumenta em violência e intensidade.



Num povo ignorante a opinião pública representa a sua própria ignorância.



Sempre haverá mais ignorantes que sabedores, enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa.



A impaciência em que vivemos provém da nossa ignorância, queremos que os homens e as coisas sejam o que não podem ser, e deixem de ser o que são por sua essência e natureza.



O silêncio é o melhor salvo conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda.



Ignorância e pobreza vêm de graça, não custam trabalho nem despesa.



Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.



Não é dado ao saber humano conhecer toda a extensão da sua ignorância.



Ignorância e preguiça a ninguém enriquecem.



A ignorância vencível no homem é limitada, a invencível infinita.



É tal a nossa imprevidência ou ignorância, que tomamos por um grave mal o que freqüentes vezes é origem e ocasião dos maiores bens.



A falsa ciência não aumenta o nosso saber, agrava a nossa ignorância.



As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes.



Os que falam em matérias que não entendem parecem fazer gala da sua própria ignorância.



A ignorância tem os seus bens privativos, como a sabedoria os seus males peculiares.



Não se reconhece tanto a ignorância dos homens no que confessam ignorar, como no que blasonam de saber melhor.



A ignorância, lidando muito, aproveita pouco: a inteligência, diminuindo o trabalho, aumenta o produto e o proveito.



A ignorância pasma ou espanta-se, mas não admira.



A ignorância que deverá ser acanhada, conhecendo-se, é audaz e temerária quando não se conhece.



Em certas circunstâncias o silêncio de poucos é culpa ou delito de muitos.



Em tese geral não há homem feliz sem mérito, nem desgraçado sem culpa.



É tal a falibilidade dos juízos humanos, que muitas vezes os caminhos por onde esperamos chegar à felicidade conduzem-nos à miséria e à desgraça.



Não desespereis na desgraça, ela é frequentes vezes uma transição necessária para a boa fortuna.



Desesperar na desgraça é desconhecer que os males confinam com os bens, e que se alternam ou se transformam.



As desgraças que vigoram os homens probos e virtuosos, enervam e desalentam os maus e viciosos.



A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham.



Os tolos são muitas vezes promovidos a grandes empregos em utilidade e proveito dos velhacos, que melhor os sabem desfrutar.



O melhor sono da vida a inocência o dorme, ou a virtude.



A sabedoria é geralmente reputada como pobre, porque não se podem ver os seus tesouros.



Muito se perde por falta de inteligência, porém muito mais por preguiça e aversão ao trabalho.



A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.



A atividade sem juízo é mais ruinosa que a preguiça.



A preguiça enfada e quebranta mais que o trabalho regular.



A preguiça dificulta, a actividade tudo facilita.



Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e ramos de uma árvore para melhor a aproveitar e consumir.



Adular os tolos é um meio ordinário de os desfrutar; os velhacos empregam-no eficazmente.



Ninguém resiste à lisonja sendo administrada, oportunamente, com a perícia e destreza de um hábil adulador.



Os males da vida são os nossos melhores preceptores, os bens, os nossos maiores aduladores.



Um grande mérito força o respeito, e afugenta a adulação.



A bênção dos velhos felicita os moços que a sabem merecer e respeitar.



Somos muito generosos em oferecer por civilidade o que bem sabemos que por civilidade se não há-de aceitar.



A imprudência de poucos compromete e incomoda a muitos.



A honra anuncia virtudes, as honras nem sempre as supõem.



A igualdade repugna de tal modo aos homens que o maior empenho de cada um é distinguir-se ou desigualar-se.



Há um limite nas dores e mágoas que termina a nossa vida, ou melhora a nossa sorte.



Queixam-se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca sorte, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo.



Unir para desunir, fazer para desfazer, edificar para demolir, viver para morrer, eis aqui a sorte e condição de natureza humana.



Custa menos ao nosso amor-próprio caluniar a sorte, do que acusar a nossa má conduta.



Amigos há de grande valia, que todavia não podem fazer-nos outro bem, senão impedindo pelo seu respeito que nos façam mal.



Os faladores não nos devem assustar, eles revelam-se: os taciturnos incomodam-nos pelo seu silêncio, e sugerem justas suspeitas de que receiam fazer-se conhecer.



A vingança do sábio desatendido ou maltratado é o silêncio.



O silêncio, ainda que mudo, é frequentes vezes tão venal como a palavra.



O silêncio é o melhor rebuço para quem não se quer revelar, ou fazer-se conhecer.



A alegria do pobre, ainda que menos durável, é sempre mais intensa que a do rico.



Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta.



A mudança rápida da temperatura do ar não é mais funesta à saúde individual do que a das opiniões políticas à tranquilidade das nações.



Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma ideia favorável da maturidade e progresso da sua inteligência.



Ter privança com os que governam é contrair responsabilidade no mal que fazem, sem partilhar o louvor do bem que operam.



Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia de segurança pessoal.



Não é menos funesto aos homens um superlativo engenho, do que às mulheres uma extraordinária beleza: a mediocridade em tudo é uma garantia e penhor de segurança e tranquilidade.



A paixão da leitura é a mais inocente, aprazível e a menos dispendiosa.



Os homens sem mérito algum, brochados de insígnias e de ouro, são comparáveis aos maus livros ricamente encadernados.



O orgulho do saber é talvez mais odioso que o do poder.



O nosso orgulho eleva-nos para que nos precipitemos de mais alto.



Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo.



Não se pode formar bom conceito de quem não tem boa opinião de pessoa alguma.



Há muitos homens reputados infelizes na nossa opinião, que todavia são felizes a seu modo, segundo as suas ideias.



A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas pela sua onipotência muscular.



A opinião pública é sujeita à moda, e tem ordinariamente a mesma consistência e duração que as modas.



A opinião da nossa importância nos é tão funesta como vantajosa e segura a desconfiança de nós mesmos.



A opinião que domina é sempre intolerante, ainda quando se recomenda por muito liberal.



Há muita gente que procura apadrinhar com a opinião pública as suas opiniões e disparates pessoais.



A má educação consiste especialmente nos maus exemplos.



A impunidade promove os crimes, e de algum modo os justifica.



O prazer do crime passa, o arrependimento sobrevém e o remorso perpetua-se.



Um grande crime glorificado ocasiona e justifica todos os outros crimes e atentados subsequentes.



Há crimes felizes que são reputados heroicos e gloriosos.



Os crimes fecundam as revoluções, e dão-lhes posteridade.



Em matérias e opiniões políticas os crimes de um tempo são algumas vezes virtudes em outro.



A celebridade do crime perpetua a sua execração.



O sistema de impunidade é também promotor dos crimes.



De nada vale a celebridade, quando os grandes crimes também a conseguem.



Todas as virtudes são restrições, todos os vícios, ampliações da liberdade.



A civilidade é uma impostura indispensável, quando os homens não têm as virtudes que ela afecta, mas os vícios que dissimula.



As virtudes são racionais, os vícios sensualistas.



A virtude remoça os velhos, o vicio envelhece os moços.



A virtude diviniza-nos, o vício embrutece-nos.



As virtudes são econômicas, mas os vícios dispendiosos.



As virtudes se harmonizam, os vícios discordam sempre entre si.



Se a vida é um mal, por que tememos morrer; e se um bem, porque a abreviamos com os nossos vícios?



A virtude é comunicável, mas o vício, contagioso.



Os vícios, como os cancros, têm a qualidade de corrosivos.



Podemos reunir todas as virtudes, mas não acumular todos os vícios.



Quando a cólera ou o amor nos visita a razão se despede.



A razão prevalece na velhice, porque as paixões também envelhecem.



Bem curta seria a felicidade dos homens se fosse limitada aos prazeres da razão; os da imaginação ocupam os maiores espaços da vida humana.



A razão, sem a memória, não teria materiais com que exercer a sua actividade.



A filosofia desagrada, porque abstrai e espiritualiza; a poesia debita, porque materializa e figura todos os seus objectos. Quereis persuadir e dominar os homens, falai à sua imaginação, e confiai pouco na sua razão.



A vida reluz nos olhos, a razão nas palavras e acções dos homens.



O coração enlutado eclipsa o entendimento e a razão.



Os bens de que gozamos exercem sempre menos a nossa razão do que os males que sofremos.



A razão destrói nos homens as criações da sua própria imaginação.



A religião supre o juízo e a razão que falta em muita gente.



Os homens têm querido dar razão de tudo, para dissimular ou encobrir o seu pouco saber.



A razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas.



A imaginação exagera, a razão desconta, o juízo regula.



Em saber gozar e sofrer, os animais levam-nos grande vantagem: o seu instinto é mais seguro do que a nossa altiva razão.



A razão também tiraniza algumas vezes, como as paixões.



De todas as paixões do homem, depois de satisfeitas as que são comuns aos brutos, nenhuma tem mais veemência e força para impulsioná-lo, do que o desejo de se distinguir e ser superior aos outros.



O desejo da glória literária é de todas as ambições a mais inocente, sem ser todavia a menos laboriosa.



A decantada civilização tem multiplicado de tal modo as nossas necessidades e desejos, que para os contentar e satisfazer somos forçados, piorando de costumes, a sujeitar-nos a maiores trabalhos e cuidados.



A dissimulação algumas vezes denota prudência, mas ordinariamente fraqueza.



A moderação em muitos homens é o reconhecimento da própria fraqueza ou mediocridade.



É tão fácil o prometer, e tão difícil o cumprir, que há bem poucas pessoas que cumpram as suas promessas.